Denunciar o descaso do Bradesco em relação ao atendimento a seus clientes, excessivo volume de trabalho para um corpo funcional reduzido e o desrespeito à segurança de seus empregados foi a pauta da manifestação realizada pelo Sindicato dos Bancários do Piauí (SEEBF-PI) na manhã desta terça- feira (10/05), em frente à agência do Bradesco, na rua Álvaro Mendes, centro de Teresina. Quem precisa utilizar os serviços do banco enfrenta um ambiente de total desrespeito, em que pessoas chegam a esperar até cinco horas para serem atendidas em situação de desconforto. Com intuito de alertar a população a denunciar esse desrespeito e denunciando a negligência do banco em relação a questões de segurança, o SEEBF-PI emitiu uma Carta Aberta à população intitulada “Bradesco: na contramão da segurança”.

O diretor sindical e funcionário do Bradesco, João Neto lembra que atualmente o banco é responsável pelo pagamento de benefícios, seguros e aposentadorias pelo INSS, aumentando sobremaneira o volume de serviço, não realiza novas contratações e ainda demite empregados – até o mês de maio deste ano mais de 2.220 empregados do banco foram demitidos em todo o país. O diretor denuncia a situação que o Bradesco impõe aos seus empregados e clientes. “A quantidade de gente que tem aqui na agência, principalmente no início do mês, quando do pagamento de aposentados, é praticamente impossível entrar numa unidade do Bradesco. Por exemplo, todo primeiro benefício do INSS é encaminhado à agência Bradesco Centro aumentando sobremaneira o volume de clientes no período referente ao pagamento dos aposentados. O que estamos dizendo para pessoas é que não aceitem vir só para o Bradesco, que distribua esses processos nos outros bancos, porque é terrível o que a gente presencia aqui. Pessoas acidentadas, deficientes e gestantes que às vezes têm que esperar até cinco horas para serem atendidas, não por culpa dos trabalhadores. Tem funcionário trabalhando até quatorze horas para dar conta do serviço. Com uma carga excessiva de trabalho não tem como, é humanamente impossível realizar um bom atendimento”, afirma.

A aposentada e cadeirante Fátima Campelo reclama da demora e forma como são tratados os clientes. “O atendimento é muito devagar, a gente fica esperando muito tempo. Eu já fico sentada, porque uso cadeira de rodas, mas os outros ficam em pé. É tudo ruim. Tinha que ser mais rápido, a gente espera muito. Tem gente que depende de remédio e perde o horário, outros ficam com dores na coluna de tanto ficar esperando em pé” diz. O presidente do SEEBF-PI, Arimatéa Passos, afirma que essa manifestação, assim como outras que devem acontecer noutros bancos, busca alertar a população a denunciar esses abusos por parte do banco que tanto lucra e trata de maneira miserável seus clientes. “Nós estamos fazendo hoje uma conversa com a população para que denuncie esse tipo de situação. A gente não pode entender como um banco tão lucrativo tenha um tratamento tão miserável para sua infinidade de clientes. A gente não consegue entender porque que isso acontece. Essa manifestação é para conversar com a população sobre o que está acontecendo nesses bancos, hoje é no Bradesco, mas adiante será em outros bancos que também fazem o mesmo. A gente faz a denúncia no INSS sobre o tratamento que dão aos aposentados, mas as pessoas que estão sendo atendidas precisam denunciar. A gente sabe que nenhum colega bancário quer tratar mal as pessoas, mas por motivo de uma infinidade de gente o atendimento fica comprometido. Nós estamos fazendo essa intervenção e vamos continuar fazendo nas portas dos bancos de todo o estado do Piauí”, afirma Arimatéa.

Assim como diz a Carta Aberta à população, o Bradesco caminha na contramão da segurança. João Neto denuncia a forma como o Bradesco expõe seus empregados e familiares a situações de risco, descumprindo a Lei de segurança bancária (Lei 6168/2012 de autoria da deputada estadual Flora Isabel). O banco criou os Postos de Atendimento Avançado (PAA), que em princípio eram abastecidos pelos próprios funcionários que transportavam o dinheiro em seus carros, mas com a intervenção do Sindicato dos Bancários do Piauí o banco passou a contratar empresas especializadas para o abastecimento desses terminais. Entretanto o banco expõe os empregados ao obrigar que os funcionários abasteçam e fiquem de posse das senhas das máquinas. “Outro ponto agravante é o risco a que o banco tem colocado pais de família que trabalham, principalmente, nos PAAs. Até um tempo atrás, quem fazia o abastecimento das máquinas nos PAAs era o carro forte com equipe especializada, mas o banco colocou os trabalhadores para fazer isso, de posse de senhas, e eles ficam a mercê das quadrilhas. O caso mais recente foi no dia 28 de março, onde dois companheiros, Marcos Daniel e Nadjael, foram sequestrados no município de Monsenhor Gil, ameaçados e soltos num matagal. O Bradesco simplesmente não fez nada, nem um taxi para pegar esse pessoal o Bradesco mandou, imagine psicólogo e outras coisas que são necessárias”, afirma.

O diretor denuncia o fato de nesse caso, ainda se comentar que o Bradesco queria responsabilizar os empregados que sofreram o sequestro. “E o que é pior, correu a boca pequena dentro do Bradesco, de que os inspetores queriam culpar os dois funcionários pelo assalto. Quer dizer, o empregado passa pelo trauma de ser sequestrado com uma arma na cabeça, mostrando foto do seu filho, da sua esposa, onde você mora, onde seu filho estuda, e depois que você passa por esse sufoco o banco vem dizer que você contribuiu para aquilo, ora se mandaram ficar com as senhas para abrir os cofres, eles vão dizer não? Se disser vai ser demitido. Os trabalhadores é que são culpados? Então, o Bradesco coloca em risco a vida de seus trabalhadores e trabalhadoras quando negligencia dessa forma, e o que é mais estúpido, para economizar dinheiro para a família do dono do banco”, denuncia João Neto



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